quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Um pouco de Joaquim Pereira


Conheci Joaquim Pereira, quando o mesmo já se encontrava usufruindo sua merecida aposentadoria em sua casa no Bairro Jardim Miramar na capital paraibana. Naquela época, mesmo contando menos de cinquenta anos de idade, o mesmo estranhamente havia parado de compor e abandonado inteiramente a musica, pois sequer dispunha em sua residência de um único instrumento musical, dos muitos que executava com invejável competência e perfeição.

Posteriormente, convivendo de forma mais aproximada com o maestro, já que havia contraído matrimônio com uma de suas filhas, passei a conhecer bem a sua obra, através de pesquisas que realizei nas diversas unidades militares em que o mesmo serviu e de cujas bandas foi regente. Logo me dei conta de sua variada e rica produção composicional, inspirada principalmente no amor e no carinho que o compositor nutria pelas pessoas que o cercavam. Para mim estavam plenamente justificados os elogios que ouvia constantemente sobre o seu trabalho de criação musical, dobrados, valsas, hinos, sacras, boleros e frevos e até uma sinfonia, bem como o fato de muitas de suas composições serem executadas até mesmo no exterior, principalmente o seu mais conhecido trabalho, o dobrado “Os Flagelado” que o mesmo fez, revoltado e triste com a situação dos retirantes da seca de 1930, que se postavam defronte ao prédio dos Correios e Telégrafos, implorando a caridade pública.

Na sua vida profissional, Joaquim Pereira foi regente da Banda de Musica da Polícia Militar, Banda do 15º Regimento de Infantaria na Paraíba, Banda da Academia de Agulhas Negras – AMAN, Resende - R.J, sendo ainda um dos fundadores e o segundo regente da Orquestra Sinfônica da Paraíba, tendo inclusive composto uma sinfonia para a estréia da nossa Sinfônica, que aconteceu no extinto Cine Plaza na capital Paraibana, conforme descrevo no livro biográfico de 220 páginas, denominado: “Joaquim Pereira Maestro da Orquestra Sinfônica da Paraíba”.

Dificilmente alguém consegue despertar admiração em sua própria terra e mesmo o maestro já aposentado e recolhido a sua residência, o saudoso jornalista Natanael Pereira num artigo denominado “Clave de Sol”, publicado no Jornal o Norte, no ano de 1974, revelou a sua admiração por esse conterrâneo e dentre outras coisas, escreveu: “Pouco importa onde tenha nascido ou o nome que lhe haja dado a família. Joaquim Pereira de Oliveira, nascido com este nome em Caiçara, já regeu a Orquestra Sinfônica Brasileira, em Resende e já foi aplaudido, entusiasticamente, por dezenas de grandes auditórios, Eleazar de Carvalho já parou para vê-lo regendo e ilustres autoridades já lhe apertaram a mão. De mim, pode-se dizer que jamais regerei qualquer orquestra, que farei um gol no Maracanã perante cem mil pessoas ou chegarei em primeiro lugar no e até mesmo em último numa corrida de Fórmula-I. Coisa muito mais simples, como por exemplo, o Prêmio Nobel de Física, estou certo de que jamais ocorrerá. Mas ninguém dirá que o Capitão Joaquim Pereira jamais poderá reger a Orquestra Sinfônica de Boston.”
Com a gravação deste CD, duplo contendo alguns dobrados e valsas de seu vasto repertório, para ser distribuído gratuitamente, espero que as suas musicas sejam executadas e conhecidas pelas novas gerações, pois ao soarem os acordes e notas de suas composições, o mesmo com certeza estará entre nós, pois os compositores são imortais e permanecem vivos. Portanto, Joaquim Pereira vive e se encontra entre nós.

Pedro M. Macedo Marinho
Contato: 083.3246-4488
Pedromarinho3@hotmail.com

2 comentários:

  1. Adorei. Bom exemplo, Pedrinho. Felicidades por este blog. Tenho algo que agregar em relação ao tópico sobre os instrumentos que papai tinha em casa nessa epoca que chegaste a conhecê-lo. Ele ainda tinha 1 piano (q o usou até mesmo sem o dedo índice - por motivo de uma operação) ,1 sanfona e 1 violin.

    ResponderExcluir
  2. Parabéns Pedrinho pelo blog, como filha agradeço o que fazes por ele.

    ResponderExcluir