
PASSAGENS MARCANTES
Joaquim Pereira gostava muito de contribuir com as instituições de caridade e frequentemente se apresentava em memoráveis recitais de violino, com entrada paga, onde executava Shumann, Bethoven, Crescenzo, Schubert, J. Silvestri e músicas de sua própria autoria. Organizava ainda, em recintos fechados, concertos bandísticos-orfeônicos. Sensibilizado com as crianças que viviam nos muitos orfanatos que visitava levando a banda de música e coral, escreveu o belíssimo dobrado "Os Órfãos".
Em sua agitada vida profissional e social, participou de eventos históricos de nossa cidade. Na Segunda Guerra Mundial, quando do embarque de nossos Pracinhas, à frente da Banda de Música do 15° RI, executou o dobrado "Os Flagelados", emocionados os militares que embarcavam, bem como os familiares dos mesmos, presentes à despedida na Estação Ferroviária da Capital, Joaquim Pereira juntamente com a banda de música passaram vários meses acampados no lugarejo de Aldeia no Estado de Pernambuco. A função da banda de música era levar entretenimento à tropa alí, acampada, executando os instrumentos a cada vitória das tropas aliadas na frente do combate.
A passagem das mais emocionantes aconteceu no enterro do saudoso médico e vereador Napoleão Laureano, seu amigo e padrinho de sua filha Josileide. O médico enfermo solicitou ao Músico que no seu enterro executasse ao violino a música "Revéri" de Shumann. O pedido atendido comoveu os milhares de pessoas que compareceram em tarde chuvosa ao cemitério, inclusive o político e escritor José Américo de Almeida, que sempre manifestou admiração pelo trabalho musical de Joaquim Pereira.
Em memória do amigo falecido prematuramente, escreveu a música "Romance sem Palavras" na qual o compositor demonstrou, mais uma vez, o carinho que sentia pelas pessoas que cercavam, fazendo isto através da música e usando o extraordinário talento e a facilidade que tinha em compor. Com essa música o compositor registra a saudade do amigo Napoleão Laureano, médico conhecido pela maneira filantrópica com que se dedicava às pessoas pobres e carentes, que por gratidão o elegeram para a Câmara Municipal de João Pessoa.
Em dezembro de 1936, mais uma vez Joaquim Pereira passa por terríveis momentos. Ao retornar com a Banda de Música do 22° BC, de uma viagem que fizera ao Município de Espírito Santo ocorreu um lamentável acidente: o ônibus em que viajavam saiu da estrada e capotou, deixando diversos músicos feridos. Na ocasião, um sacerdote que viajava pela mesma estrada, ao se deparar com os músicos feridos constatou que dois deles se encontravam em estado grave. Joaquim Pereira e o sargento-músico Afonso. Imaginando que os dois militares não resistiriam aos ferimentos, o sacerdote ministrou a ambos o sacramento da extrema-unção. Joaquim Pereira foi trazido ao Hospital de Pronto Socorro, localizado à Rua Miguel Couto, e dali transferido para a enfermaria do 22° BC, onde passou dois meses internado. A mesma sorte não teve o sargento Afonso, que já chegou sem vida ao Hospital. Joaquim Pereira logo após sua recuperação, saudoso do amigo que morreu na fatídica viagem ao interior do Estado, escreveu em sua homenagem o dobrado "Recordações de Afonso".
Joaquim Pereira também teve participação no movimento revolucionário de 1930, pois logo que se verificou a deposição de Washington Luiz escreveu um hino que denominou "Juarez Távora" em homenagem ao condutor aqui no Nordeste do citado movimento. A música foi largamente executada em todos os Estados sob emoção dos manifestantes, empolgados com a beleza da música escrita especialmente para aquele histórico momento da vida brasileira. Quando se verificou a vitória revolucionária, a Banda da Força Policial Militar realizou passeata cívica pelas ruas da capital paraibana, executando diversas músicas e principalmente o Hino a Juarez Távora, para orgulho e satisfação do compositor, então Regente da referida banda. (Extraído do livro do autor Pedro Marinho, foto acima)
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