quarta-feira, 12 de agosto de 2009



O EMBRIÃO DA SINFÕNICA

O livro de Pedro Macedo Marinho, "Joaquim Pereira, Maestro da Orquestra Sinfônica da Paraíba", leva-me a remomorar fato de grande relevância que protagonizei há mais de cinquenta anos.
Quando regressei do Rio de Janeiro, no segundo semestre de 1942, tive a iniciativa de fundar a Sociedade de Cultura Musical. A idéia surgiu porque ouvia diariamente a Rádio Jornal do Brasil que difundia música dos grandes mestres com muita frequencia. Já havia, há pouco tempo, a Orquestra Sinfônica Brasileira, que dava concertos populares. Cedo, tomei gosto pela chamada música clássica.
Aqui, em João Pessoa, junto com meu irmão Olivardo, Durvanil Carvalho, Almir Sá e ouros colegas, passei a estudar canto com o professor Gazzi de Sá, que residia na General Osório.
A S.C.M. foi fundada na sede do Centro dos Estudantes da Paraíba, localizada na Praça Rio Branco, num velho prédio público, ainda hoje existente. José Simões, irmão do professor de música Augusto, era presidente do Centro e, convidado para funda a SCM, cedeu a sede.
Graças ao apoio valioso do jornal "A União" e da Rádio Tabajara", em pouco tempo, a nossa entidade de cultura musical cresceu. O então diretor da Tabajara, Abelardo Jurema, cedeu uma hora aos domingos (12 às 13h) para um programa que era produzido por mim, Durvanil de Carvalho e Augusto Simões, com a participação de outros associados.
Lembro uma realização que muito marcou a Sociedade de Cultura Musical. O Maestro Joaquim Pereira, convidado por este repórter, que era presidente da SMC, deu um concerto de violino, instrumento que também dominava com muito talento. Foi uma noite de arte inesquecível, no auditório do Liceu Paraibano, onde realizávamos as reuniões misicais.
Dirigia a Sociedade de Cultura Musical com o mesmo entusiasmo que hoje, apesar de velho, exerço minha atividade profissional e participo nos movimentos em defesa da soberania nacional. Entretanto, por falta de tempo, tive que passar a presidência ao vice presidente, colega Afonso Pereira. O expediente, por questão burocrática, passei ao colega Domingos de Azevedo.
Fui atuar em outra área, na organização do "Jornal do Povo", fundado por João Santa Cruz. Um órgão pobre, com pouca gente. Exigia muito trabalho. Alí, o pessoal dedicava doze horas diária de labuta.
A Sociedade de Cultura Musical continuou se desenvolvendo, graças a generosidade de Afonso Pereira, Domingos Azevedo e outros sócios, além do Maestro Joaquim Pereira e, logo depois criou a Orquestra Sinfõnica da Paraíba, uma significativa contribuição à cultura musical em nosso Estado.
Por uma questão de justiça, respeito à verdade histórica, devo enfatizar que a Sociedade de Cultura Musical foi o embrião da Orquestra Sinfônica da Paraíba.
Também por uma questão de justiça e respeito à História, devo exaltar, com orgulho de paraibano, a memória de Joaquim Pereira, um gigante na luta pela cultura musical em nossa Pátria.
Pedro Macedo Marinho presta importante contribuição à cultura paraibana e brasileira, escrevendo o livro que resgata a obra de Joaquim Pereira, e o esforço de uma plêiade de jovens paraibanos para divulgar a música e elevar o nível cultural em nossa província.
* Fonte: Jornalista Oduvaldo Batista.

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